Falta de segurança em Carvoeiro junta comerciantes e residentes em petição
Falta de segurança em Carvoeiro junta comerciantes e residentes em petição. Abaixo-assinado soma 200 assinaturas numa semana.
Ano após ano, Carvoeiro está a ficar cada vez mais perigoso, com todos os que frequentam a vila a sentir as consequências da falta de segurança causada pela «inexistência de policiamento».
Desde proprietários de restaurantes, bares e lojas de artesanato, a gerentes de hotéis e turistas, o barlavento ouviu várias queixas sobre um grupo de cerca de 20 pessoas de etnia cigana que está a amedrontar aquela vila balnear.
Para tentar ter um verão tranquilo e em forma de grito de socorro, os proprietários dos estabelecimentos lançaram, na segunda-feira, dia 15 de maio, uma petição (online e física) que conta já com mais de 200 assinaturas de empreendedores, funcionários e residentes de diferentes nacionalidades.
Os comerciantes concordam que o problema poderia ser minorado através da presença de mais militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) em patrulha, bem como da colocação de câmaras de videovigilância.
No entanto, defendem que o reforço da presença das autoridades deve ser feito com elementos sem ligação a Carvoeiro, pois acreditam o contingente atual teme represálias «quanto à segurança dos seus familiares ou receio de que os seus pertences sejam danificados» segundo, contou um lojista ao barlavento, que preferiu o anonimato.
Apesar de as autoridades terem sido alertadas sobre incidentes e existirem queixas, a comercialização de estupefacientes ou substâncias que os vendedores alegam como tal, está a tornar-se não «só mais descarada como invasiva».
Os funcionários dos estabelecimentos dizem sofrer «ameaças constantes», porém mais acentuadas quando pedem para que os clientes não sejam abordados no interior ou mesmo à entrada, registando-se situações em que os turistas são «cercados e obrigados a comprar».
«A GNR faz de conta que não se passa nada»
Um local considerado de referência no Algarve, corre o risco de vir a ser evitado por muitos turistas e veraneantes devido ao mau ambiente que se faz sentir nas ruas, todos os dias sem distinção, sobretudo à noite, tal como o barlavento comprovou na tarde de terça-feira.
«O clima pesado é sentido por todos, o que nos faz repensar se voltaremos a fazer férias cá», confessou um turista, enquanto outro defendeu que «os traficantes deviam ir para outro lugar e não bloquear a entrada de bares e restaurantes, dessa forma estão a assustar quem é de fora».
No último sábado à noite, ao ouvir barulho, um morador relata ter-se passado perto do posto territorial da GNR e ter visto dois militares «a apagar a luz, fechar a porta e os estores, após terem vindo à varanda».
Além deste exemplo, há outros de residentes, comerciantes e taxistas que se debruçam sobre a inatividade das autoridades, com muitos a afirmar que «fazem de conta que não se passa nada e não fazem o seu trabalho».
Não só há relatos de que a luz exterior do posto está diversas noites apagada como há outros que dão conta de que a GNR de Lagoa não atende chamadas telefónicas em momentos de aflição dos comerciantes que já terão comunicado este cenário ao Comando Territorial de Faro.
Os proprietários dos bares dizem ter manifestado à GNR o receio de verem as suas instalações vandalizadas, ao que os militares terão respondido que «o seguro paga», não considerando o medo que os residentes sentem ao deslocar-se a casa depois do trabalho.
O pessoal de uma garrafeira conhecida e há muito estabelecida em Carvoeiro lamenta que «destroem tudo o que está cá fora, a arca do gelo, dos gelados, o cavalinho das crianças, as caixas com produtos, tudo» e deixam um rasto de lixo ao redor dos estragos.
«Já pedimos ajuda à GNR de Silves porque a de Lagoa não tem qualquer ação», lamentou também o funcionário de um estabelecimento ao referir que os meliantes deixam lixo à porta e não têm respeito pelos empregados ou clientes.
«Esta é uma preocupação muito grande que temos»
A autarquia de Lagoa está ciente do crescente aumento da atitude agressiva por parte grupo ou de quem diz serem «burlões» por não se ter ainda provado que de facto comercializam estupefacientes, podendo apenas estar a enganar os compradores com outras substâncias.
Mostrando-se satisfeito com a iniciativa dos comerciantes e residentes, Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Lagoa, frisou que a petição vem ajudar o município a «reforçar a pressão que tem sido feito junto das entidades competentes, tanto a nível distrital como a nível nacional».
«Esta é uma preocupação muito grande que temos e um problema que acompanhamos com muita atenção», admitiu Luís Encarnação ao referir-se ao comportamento importuno de quem pratica «vendas agressivas» constantes, salientando que foi já exigida uma intervenção e reforço do patrulhamento às autoridades competentes.
Ainda que o município de Lagoa esteja a criar uma equipa de Polícia Municipal de forma a «mitigar este problema e aumentar a segurança», o autarca notou que estes elementos «nunca terão poder para intervir a nível criminal».
Revelou, contudo, que está a ser desenvolvido um projeto para a colocação de câmaras de videovigilância em vários locais do Conselho, sugestão bem acolhida pelos comerciantes e lojistas.
O município de Lagoa fez já um pedido de audiência junto do Comandante-geral da Guarda Nacional Republicana (GNR), Tenente-general José Manuel Lopes dos Santos Correia, para debater esta matéria, estando de momento a aguardar a data da reunião, onde espera contar com a presença do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
Contactado pelo barlavento, o Oficial de Comunicação e Relações Públicas de Faro, Capitão António Ramos, afirmou «não ter conhecimento» da petição e remeteu explicações para um pedido por escrito.
O barlavento assim fez e enviou um pedido de esclarecimentos que, até ao momento desta publicação, não obteve resposta.

Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Lagoa.
Esta suposta comercialização de substâncias estupefacientes, ao que o barlavento apurou, tem sido feita cada vez de forma mais persistente e violenta para com quem está a tentar aproveitar as férias não apenas em Carvoeiro, mas noutras estâncias balneares do Algarve, assim como condutas desrespeitosas para com os proprietários de bares e lojas de artesanato que já tiveram de se defender sem a ajuda das autoridades.
Em julho de 2022, ao que o barlavento apurou, o mesmo grupo de indivíduos agrediu um jovem britânico de 18 anos, tendo as autoridades chegado ao local mais de uma hora depois, de acordo com testemunhas presentes no local.